quinta-feira, 17 de julho de 2014

-Não. -respondeu ele.
-Então, não acha que está mais do que na hora da casta dos anjos guardar seus próprios segredos? Por que só quem saberiam disto, seria eu, você e Miguel, certo?
-Certo. -concordou Ayel esboçando um leve raio de compreensão.
-Mas somente em benefício de nos garantir  um novo líder, caso o pior aconteça eu preciso que você faça uma tarefa para mim.
-O que você quiser! -respondeu ele 
          Gabriel ofegou no mesmo instante.
-Não, não é uma simples tarefa. -Comentou. -É algo que lhe custará a sua própria reputação e rumo dentro do Reino!
          Ayel ficou ainda mais concentrado e sério.
-Desde alguns anos eu venho estudando um diversidade de categoria de mortais, todos iguais uns aos outros. Durante anos e anos procurando um mortal a débito de merecimento da minha causa e não havia encontrado ninguém favorável aos meus requisitos. Mas a uma década eu conferi a presença de um humano que cresceria com uma expectativa muito significativa, e ele me agradou muito. -Dizia Gabriel caminhando em círculo. -Ele agora é um garoto da qual eu tenho certeza possuir o coração certo para encarar a missão de sua vida...a sua jornada...
-O que esse garoto tem haver com a garantia de um novo líder, por que pelo que eu sei, você é o nosso líder, e o que tem um mortal haver com seus planos?
-Ayel, esse mortal, não é apenas mais um ser humano na terra, mas sim aquele cujo possui  a maior prova que os mortais também são merecedores de nossa gratidão. Assim que ele nasceu eu soube de seu grande valor e vocação na terra.
-E você espera que ele sejas seu sucessor?!...
         Demorou-se alguns segundos.
-Sim. -respondeu Gabriel. -E você como já sabe, sempre foi aquele anjo que mais me orgulhou, e não estou dizendo isto para lhe confortar Ayel , sabe que é o anjo de minha maior confiança. Então entenderá por que escolhi o garoto e não você, você deve ser aquele que conduzirá os demais a seguirem  a coisa certa...esse é seu papel.
-Eu sei disso Gabriel. -Concordou ele passivo e sereno com as palavras. -No entanto devo lhe avisar que um mortal nunca seria aceito entre os demais anjos, aliais se fosse só entre a nossa casta tudo bem, e quanto ao resto do reino, e quanto aos Serafins?
-Boa pergunta! -Indagou ele transitando pela sala, com a pequena esfera dourada em suas mãos. -Só que é aí que você entra, Ayel, você irá ensina-lo tudo sobre a nossa convivência da maneira correta, e não do jeito que os mortais acham que é, irá ensina-lo nossas doutrinas, e costumes, tudo. O fará um de nós psicologicamente, e o resto ele descobrirá  o que se deve fazer.
-Entendi. -disse ele. -Então você quer que eu descumpra a maior de todas as leis de nossa raça, a Lei Primordial, da qual priva o contato direto com os mortais?
-Sim. -respondeu.
-E você acha Gabriel que isso não terás consequências? -Argumentou ele, tentando entender a gama de relevâncias cujo seu líder tentara lhe submeter.
-Olha Ayel. -Gabriel o encara. -Se não fizer-mos isto, se não descumprirmos leis ou quebrarmos juramentos agora, em situações como esta, talvez não teremos chances de encontrar soluções para não nos arrependermos futuramente de algo que os Serafins possam planejar.
            Ayel reflete profundamente, no que seu líder lhe dissera, e notando a pura realidade que se encontram, relacionado cada fato ao acontecimento batizado de Revolução. Ele compreendeu que Gabriel não estara apenas favorecendo o descumprimento de mais leis, no entanto estaria fazendo tudo isto com a certeza de pôr um fim no que se parecia incerto. E Ayel sabia, compreendia que na verdade Gabriel nunca se enganara em suas escolhas, e se ele agora acharia melhor se prevenir, ensinado tudo sobre os anjos a um mortal, que seja, ele iria até o fim, nunca querendo desobedecer seu líder.
-Ok. -respondeu. -Quando devo ir?
-Antes dos arcanjos! -Explicou. -É crucial que você se adapte ao ambiente terrestre o quanto antes, então deve partir amanhã.
-Amanhã? -Hesitou ele. 
-Sim. -disse ele. -Leve isso também. -Gabriel retira do dedo seu anel prateado, com detalhes quase que imperceptíveis. -Para os arcanjos ou qualquer outro anjo não note sua presença na terra, o que seria uma tragédia.
-Mas este é seu anel...você nunca o entregara a ninguém, desde que nós fomos criados, você não pode se desfazer dele...
-O Anel da Ocultação não funciona para mim, nunca funcionou, sabe disso, não fará diferença. Pode usá-lo, mas tenha cuidado...nenhum outro anjo deve achar você ou o garoto por acaso!
            Ayel recebeu o anel como se recebera uma coroa real, estava notavelmente agraciado e feliz, porém ainda preocupado.
-E quanto a minha ausência da Divisão, -Questionou. -Quer dizer, todos darão por minha falta?!
            Gabriel demonstra-se ciente de cada pergunta que surgia da boca de Ayel, como se previsse qual seria sua próxima intervenção.
-Direi a todos que estás em uma missão para mim. Ninguém me questionará, não se preocupe! -Respondeu ele convicto. -Não deves colocar o anel enquanto ainda estiver aqui, e mais; conte ao garoto sobre tudo a respeito do estado em que vivem os anjos agora, o deixe informado sobre tudo, isso o ajudará a não criar ilusões sortidas. Os humanos costumam fazer isso.
            Ayel não disse nada, ficou ali absolutamente submerso em seus pensamentos, refletindo em tudo o que Gabriel lhe dissera, concentrado ao mais minúsculo detalhe daquela conversa, instigado em como as coisas estavam acontecendo mais rápido e mias estranho do que parecia, e ao mesmo tempo em que isso se fazia, muitas dúvidas entrelaçavam a esperança de que tudo pudesse voltar a ser como antes.
-Mais uma coisa! -disse Gabriel, mostrando a pequena esfera dourada, como se ela fosse uma coisa a qual devesse ser deixado para o final, um desfecho, cujo ele pretendia guardar para aquele momento. -Dê isso ao menino, assim que detectar que ele está pronto. Diga-o que é um presente de merecimento meu para ele, e diga-o também  o quanto eu o confio para me representar, como o Príncipe dos Anjos.
-Sim eu direi Gabriel. -Prometeu Ayel  tocado pelo sentimento que seu líder demonstrava pelos mortais.
           Naquele momento a pequena esfera dourada, que Ayel não sabia ao certo o que era, assumiu o formato minúscula, do tamanho de uma peteca de vidro, e o anjo a pegou e a guardou em um bolso em suas vestes. Em seguida Gabriel se aproximou bem perto e tocou a testa de Ayel com dois dos dedos de sua mão direita, transferindo as informações necessárias a respeito do mortal escolhido, inclusive o local onde ele poderia encontra-lo.
            Ao final Ayel parecia ter sofrido um choque de informações da qual ele nunca tivera tido antes, foi como se as informações que recebera o tivesse impressionado ao extremo de sua compreensão.
-Então...é ele...- murmurou o anjo, como a visão fixa em um único ponto.
-Sim...o nome dele é Scott Taylor!
            Ayel ainda tinha uma última pergunta que o preencheu de repente.
-Qual seria a hora de eu retornar?...
             Gabriel o encara friamente.
-Quando Scott estiver preparado, para assumir a minha posição no trono.-respondeu.



 
    


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